Imagine que você entra em um restaurante com um cardápio enorme, cheio de opções: massas, carnes, frutos do mar, sanduíches, sushi, risotos, comida mexicana, tailandesa e até hambúrguer artesanal. Num primeiro momento, parece incrível, né? Mas aí vem o problema: o que comer? De que jeito um único restaurante consegue fazer bem todas essas coisas ao mesmo tempo?
Como cozinheira e consultora que cria menus para restaurantes, eu te garanto: é muito difícil, para não dizer impossível, servir tantos pratos com qualidade. Os melhores lugares que já visitei têm cardápios enxutos. Fora que, quando a equipe da cozinha não consegue se especializar em nada, porque precisa preparar pratos de culinárias completamente diferentes, o resultado é uma comida sem personalidade e de execução mediana.
Para manter tantas opções disponíveis, o restaurante precisa armazenar grandes quantidades de ingredientes que nem sempre têm saída rápida. O resultado? Muitos itens congelados, alimentos perdendo frescor e desperdício inevitável. Já em um restaurante com menu reduzido, os ingredientes são comprados em menor variedade, mas com maior giro, garantindo que tudo esteja sempre fresco e no auge do sabor. E nesse cenário, quem frequenta o restaurante vai com a certeza de que a experiência será boa.
Barry Schwartz, no livro The Paradox of Choice: Why More Is Less (2004), argumenta que, embora tenhamos a ideia de que mais opções nos tornam mais livres e felizes, na realidade, um excesso de escolhas pode levar à paralisia na tomada de decisão, insatisfação e até ansiedade. O foco principal da obra é a análise de como a abundância de opções em diversos aspectos da vida moderna pode, na verdade, dificultar nossas escolhas. Para uma compreensão mais aprofundada sobre o tema, recomendo assistir à palestra de Barry Schwartz no TED, onde ele explora o conceito do paradoxo da escolha.
E esse paradoxo não acontece só nos restaurantes—ele também aparece na cozinha de casa. Quando temos poucas opções de ingredientes na geladeira, sentimos que, ao escolher o que cozinhar, estamos tomando a decisão certa. Mas quando lotamos a geladeira, estocamos mais do que precisamos e somos bombardeados por vídeos em todas as plataformas com as "melhores receitas que precisamos testar", a escolha se torna ainda mais difícil.
O futuro dos restaurantes e da cozinha doméstica caminha para menus mais enxutos e bem pensados, com ingredientes frescos, pratos bem executados e uma experiência gastronômica muito mais consistente. Em vez de tentar agradar todo mundo com uma infinidade de opções, a tendência é que chefs criem menus sazonais, priorizando ingredientes locais e reduzindo desperdícios, e que as pessoas que cozinham em casa passem a optar por pratos simples e funcionais, valorizando pequenos mercados e sacolões em vez de grandes supermercados, e que desenvolvam as receitas de família, os fazeres brasileiros, a comida que está no entorno de cada pessoa.
Esse movimento não é apenas uma tendência, mas um retorno ao essencial: cozinhar com mais intenção, menos desperdício e mais conexão com os ingredientes e a cultura local. Restaurantes e cozinhas domésticas que seguem esse caminho não apenas oferecem comida mais saborosa e autêntica, mas também fortalecem relações, saberes e economias. No fim, comer bem não é sobre quantidade, e sim sobre escolhas mais conscientes, que valorizam o que realmente importa.
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Quanto mais simples e bem planejada for a rotina, mais fácil, prazeroso e eficiente se torna o ato de cozinhar. E não precisa ser complicado — com alguns ingredientes bem escolhidos e um pouco de técnica, é possível transformar qualquer refeição em algo saboroso e prático! Vai muito além de montar um cardápio ou sugerir receitas, principalmente se você veio da nutricionista com um plano alimentar para seguir ou tem alguma restrição alimentar.
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Com amor e com fome de despensas e cardápios mais enxutos,
Carolina Dini
é bem assim! A minha geladeira é bem vazia pois praticamente só tenho o que vou cozinhar nos próximos 4 dias (o miso nunca falta). minha despensa tem o básico, como os temperos e sempre algum grao de bico ou lentilha em pote. Mas todo dia como muito bem, o desperdicio é baixo e eu gasto bem menos dinheiro.
que legal você falar sobre isso, Carol! outro dia uma amiga abriu minha geladeira e comentou que estava "vazia". na hora eu não soube explicar muito bem o sentido, mas agora você me ajudou. já estava nesse pensamento "sem perceber" :)